Porque precisamos nos inserir neste mundo
Por Alexandre Peconick (texto e fotos)
Não ter a resposta hoje é um predicado e não mais uma vergonha
Antigamente, sentados à carteira de madeira da escola primária (hoje ensino fundamental), ficávamos preocupados quando, diante de uma pergunta da professora, não tínhamos uma resposta. Errada que fosse, mas ao menos seria uma resposta. Ao longo de décadas o modelo educacional, não apenas o brasileiro, nos ensinou que era preciso sempre se ter uma resposta, ou, se saber a resposta. E após graduados em qualquer coisa que fôssemos, era um orgulho nos definirmos como “especialistas”, pois, afinal, tínhamos a resposta!
Pois eis que hoje tudo isso cai por terra. Para buscar nexo, ou um sentido nas coisas, não ter a resposta é muito bom, nos estimularmos para sabermos como buscá-la é melhor ainda. Estamos na chamada Era do NEXIALISMO, como definem Walter Longo e Zé Luiz Tavares. Walter Longo é mentor de estratégia e inovação da Young & Rubicam e Presidente do Grupo Newcomm – holding formada pela associação de Roberto Justus e Grupo WPP – e sócio-fundador da Nexial Consultoria de Nexo. Zé Luiz Tavares é Bacharel em Comunicação com especialização em publicidade pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, iniciou carreira em 1976 como trainee no Departamento de Criação de uma das mais renomadas agências da época, a DPZ.
NEXIALISMO, na verdade, é a tendência que se contrapõe à dos especialistas. Nos dias de hoje, um especialista se limita a opinar sobre um tema. Os nexialistas são generalistas, que não dão as respostas mas buscam encontrar o nexo nas informações. São pessoas, em tese, muito bem informadas e antenadas que apresentam um pouco de ordem no caos, na confusão, no excesso de informação e de oportunidades. A partir deste tipo de trabalho, fica mais fácil encontrar soluções, como, por exemplo, de Comunicação Integrada de Marketing ou de Planejamento de Marketing. Profissionais generalistas, antenados e com muita informação sobre todos os instrumentos de comunicação, mercados, públicos, concorrentes, comportamentos, hábitos e outros aspectos do conhecimento, conseguem ser nexialistas - colocando ordem e nexo, na elaboração e na execução de um planejamento, por exemplo. A partir destas informações fica mais fácil você internauta descobrir se é ou se pode ser um nexialista.
Como definiu no último Festival Mundial de Publicidade e Propaganda, realizado em Gramado (Rio Grande do Sul – Brasil), Walter Longo destaca que hoje há uma tendência para uma menor valorização da educação formal e mais valor para a experiência e a informação líquida. Ele acredita que os paradigmas estão focados nas learning organizations (organizações que aprendem), que são aquelas de estão dispostas a rever paradigmas. “Saímos de um período dos generalistas para os especialistas e agora estamos migrando para a fase dos nexialistas, pessoas que não tem a resposta para tudo, mas sabem onde buscar a solução, com isenção e visão gestáltica”, afirma.
Mais do que apenas buscar algo, hoje o líder precisa ter uma cabeça de hiperlink, ou seja, transformar-se num nexialista capaz de não deter todo o conhecimento, mas ir fundo naquilo que interessa e saber liderar sua equipe na busca da solução ideal. O nexo, ou a falta dele, está transformando-se numa importante barreira de evolução organizacional. Caberá aos novos líderes trazer o nexo de volta às decisões empresariais.
No Festival de PP, a palestra com o presidente da agencia NewComm Comunicacao de SP, Walter Longo, foi a mais aplaudida e elogiada. Ele abordou a inovação como sendo “a capacidade de fazer diferente o que os outros fazem igual”. Inovação em propaganda, para ele, não deve ser vista apenas como grandes mudanças, mas pequenas mudanças que possam produzir resultados significativos. Inovação pode acontecer em PRODUTOS, PROCESSOS PESSOAS… No atendimento, pode ser na maneira como nos comunicamos com o cliente ou na ferramenta que apresentamos uma campanha. Na criação, pode ser inovação nas cores de um layout que transforme aquele trabalho… De novo, é “FAZER DIFERENTE O QUE OS OUTROS FAZEM IGUAL”.
Bem, de tudo que o Walter Longo falou, destaco abaixo o conceito que me pareceu mais interessante e novo…
Mais sobre os NEXIALISTAS...
Os nexialistas são, portanto, quem consegue buscar NEXO nas tantas informações que o mundo apresenta.
Os nexialistas sabem o que fazer com a informação que recebem.
Os nexialistas, acima de tudo, buscam informação e entendem COMO e QUANDO utiliza-las.
Mas como eu posso ser um Nexialista?
* Leia inúmeras mídias diferentes - revistas variadas, canais de TV variados, sites diversos
* Tenha um “olho crítico” de consumidor - observando atentamente como o consumidor pensa, reage e compra
* Mude sempre sua maneira de pensar - tente, arrisque o diferente
* Recrie todos os dias o seu trabalho – ah, mas já está bom...Não! Ah, mas pode melhorar mais ainda!
Busque se informar mais sobre Nexialismo na grande rede...
www.nexial.com.br
http://twitter.com/nexialismo
Referências históricas nos ajudam a entender mais ainda...
Ainda parece complicado o tal NEXIALISMO? Vamos buscar um pouquinho de referências históricas. Um livro que marcou época na década de 50, escrito por A. E. Van Vogt, tinha o título "Voyage of the Space Beagle" e no Brasil recebeu a tradução de “Missão Inter planetária”. Trata-se de uma antologia de histórias de ficção científica, onde o autor descreve as viagens de uma nave espacial repleta de cientistas que atravessa o universo em busca de planetas distantes e está sempre metida em graves problemas. É considerado um clássico de aventuras cósmicas e serviu de base para muitas criações posteriores do cinema e da literatura.
O personagem central dessa obra, que inspirou muito toda a série Star Trek, segundo informa Walter Longo, era o único nexialista a bordo e por não ser um especialista em nenhuma disciplina específica, era olhado com certo desdém pelos demais colegas cientistas. Afinal, ninguém considerava o Nexialismo uma ciência de fato. Não é preciso dizer que , em quase todas as situações de perigo ou risco vital da nave e seus tripulantes, era sempre o nexialista que surgia como herói, graças a sua habilidade de integrar diferentes matérias ou ciências como psicologia, química e física na busca da solução ou salvação da equipe. Único generalista e integrador processual entre vários especialistas focados em suas respectivas disciplinas, acabava sendo responsável pela solução final que dava sobrevida a todos e fazia a nave avançar rumo ao futuro e aos novos desafios.
Foi nesse livro que encontramos pela primeira vez o termo Nexialismo, que significa hoje uma espécie de supra-ciência que integra de maneira sinérgica, complementar e seqüencial as várias disciplinas que compõem o conhecimento humano, de modo que as coisas e atividades façam nexo entre si.
No fundo, num universo de especialização cada vez maior, nada mais importante que se ter à visão do todo, poder enxergar a floresta além das árvores. Ser capaz de desenvolver princípios e critérios comuns para o julgamento de nossas ações. E no mundo dos negócios, é cada vez mais importante encontrarmos alguém que não necessariamente saiba a resposta para todas as perguntas, mas que seja capaz de saber onde olhar para buscá-las.
“Fora da caixinha”
Alguns chamam isso de pensar "out of the box". Ainda segundo Walter Longo, é importante entender que nenhumas das soluções que estamos buscando para nossas empresas e nossas marcas virão de uma ferramenta de comunicação específica ou de um só especialista.
Para o “especialista” em Comunicação, mas “generalista” em quase todo o resto, como se define, muito se escreve e se debate a importância da Comunicação Integrada, mas pouco ou quase nada vemos de comunicação "entregada". Segundo ele, faltam, sobretudo no mercado da Comunicação, mas também em Recursos Humanos, empresas e profissionais com a visão sinérgica e isenta que permita ter idéias e buscar soluções que integre múltiplas ferramentas e múltiplas abordagens sem peso específico ou ênfase pré-concebida a nenhuma delas. E isso por que faltam mais nexialistas.
No fundo, comunicação integrada é Nexialismo puro. É respeito ao meio ambiente e ao ambiente do meio, ou da mídia. E ela depende de nossa capacidade de integrar de maneira sinérgica, equilibrada e isenta, ousadia com pertinência (coragem com responsabilidade), criatividade com tecnologia (adequação com conhecimento), mídia de massa com segmentada (abordagem individual com coletiva), tática com estratégia (resultado imediato com posicionamento perene) e comercial com editorial (meio com mensagem).
Não é apenas uma questão de conhecimento ou experiência. É uma questão de ótica e de ética. Ótica de enxergar o todo e não apenas as partes, e ética de ter a coragem de recomendar a solução ideal, e não apenas aquela que interessa e melhor remunera a agência ou acabe gerando prêmios e reconhecimento ao Diretor de Criação. Nexialismo é a totalidade concebida e aplicada. Isenta e soberana. Só através dela podemos assegurar os resultados esperados.
Nexialista: o eterno insatisfeito
Hoje em dia, o mercado apresenta abundância de especialistas, prontos para defender com unhas e dentes a eficiência de sua ferramenta e sem a menor noção ou vontade de avaliar a importância relativa das alternativas. Apresenta também um enorme contingente de generalistas, propondo diagnósticos rápidos e superficiais e soluções padronizadas para todo e qualquer cliente.
Mas faltam no mercado empresas e profissionais com uma visão sinérgica e isenta que permita ter ideias e buscar soluções integradoras de múltiplas ferramentas e múltiplas abordagens, sem peso específico ou ênfase preconcebida a nenhuma delas. Faltam nexialistas! E são esses caras, segundo acreditam Longo e Zé Luiz, que o mercado vai muito bem valorizar hoje e em qualquer futuro.
Perfil profissional
O profissional nexialista diferencia-se dos generalistas e dos especialistas por sua maneira de observar, apreender, refletir e concluir. Dono de interesse variado e incansável curiosidade, o Nexialista atua como um roteador estratégico na solução de problemas.
O Nexialista é um eterno insatisfeito, não aceita o que é normatizado e padronizado. Tem o “por quê?” como sua marca, seu dilema. Tem dúvidas sobre tudo o que os outros tem certeza, e a certeza absoluta de que a solução de qualquer problema não está em receitas prontas, mas sim em uma abordagem de múltiplos ingredientes.
É uma pessoa multidisciplinar por opção, e não por falta dela. Tem uma visão gestáltica e abrangente, mas não deixa de ir fundo naquilo que faz sentido para resolver o problema. Não existe, segundo seus mentores, um “Nexialista júnior”. Ninguém nasce Nexialista ou opta por sê-lo. São as oportunidades, as circunstâncias, as vivências que transformam um especialista ou generalista num verdadeiro Nexialista.
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