As redes sociais têm deixado alguns seguidores com uma terrível sensação de estar de fora dos acontecimentos. Em inglês, esse mal já tem nome: fomo (fear of missing out). Entenda um pouco mais sobre ele para não ser a próxima vítima.
Um conhecido escreve no Facebook que está no show de sua banda favorita. Você não está lá por causa de uma reunião de trabalho. A prima de segundo grau posta uma foto em uma praia paradisíaca no Twitter. É o local que você sempre sonhou conhecer. Do sofá de casa ou de qualquer outro lugar e graças à inseparável companhia dos smartphones, é possível acompanhar os passos dos amigos, desejar a experiência deles e até sentir-se excluído de uma conversa.
Acompanhar essa avalanche de informações é tarefa árdua. São milhões de atualizações, posts e tweets diariamente que provocam diferentes sentimentos, já resumidos em uma sigla: fomo. Em inglês, fear of missing out, ou, traduzido para o português, “medo de ficar de fora”.
A jornalista Bianca Bosker, editora de tecnologia do jornal americano The Huffington Post, se considera vítima dessa sensação, embora saiba que as redes sociais são extremamente importantes para o seu trabalho. Várias vezes ao dia ela checa o Twitter (onde tem mais de 4 700 seguidores) e seu perfil no Facebook (onde tem mais de 1 100 amigos), responde às mensagens que recebe e faz comentários sobre as atividades dos grupos de que participa. “Sofro com o fomo, mas, ao mesmo tempo que essa ansiedade pode distrair o que estou fazendo em um determinado momento, pode ser extremamente motivadora e me levar a grandes aventuras na rede”, diz ela.
Bianca não está sozinha. Uma única página no Facebook dedicada ao assunto reúne mais de 10 000 pessoas de vários lugares do mundo.
Rejeição social
Para o médico Ricardo de Oliveira, coordenador de neurociências do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, com sede no Rio de Janeiro, fomo é apenas uma nova denominação para algo que existe há muito tempo. “Quem nunca lamentou não fazer parte de determinado grupo?”, pergunta o neurologista e neuropsiquiatra.
Ele afirma que é preciso ficar atento caso o comportamento comece a prejudicar a usuária e quem a cerca, como família e amigos da vida real. “A rejeição social tem um padrão de ativação cerebral parecido com a dor física e, por isso, dói de verdade. O limite tem de ser colocado quando o que era uma atividade saudável começar a trazer prejuízo”, diz Ricardo.
Fisicamente, o fomo pode provocar fadiga, falta de sono e até transtornos de ansiedade. Se checar os perfis no Twitter e no Facebook não for mais um momento de prazer e provocar irritação ou dificuldade de concentração, pare. Ou pelo menos, tente parar.
A publicitária brasileira Alessandra Lariú, que mora em Nova York, percebeu que estava entrando nessa onda de ansiedade e conseguiu diminuir seu ritmo. Eleita uma das pessoas mais criativas do mundo pela revista americana Fast Company (à frente do chef Jamie Oliver e do estilista Tom Ford), ela controla o tempo que passa nas redes sociais. No fim de semana, evita olhar e-mails, mensagens no celular e, às vezes, nem usa relógio. “Edito as informações que recebo e só clico em links super-recomendados por amigos”, diz.
Para John Grohol, fundador do site Psych Central, um dos maiores sobre saúde mental e psicologia dos Estados Unidos, a ansiedade e a insegurança devem ser evitadas a todo custo. “Esse é o tipo de atividade que não pode trazer mais estresse para ninguém. Não consigo acreditar que saber o que o outro está fazendo vai tornar a vida de alguém melhor. Não mesmo”, afirma o psicólogo. Evitar ser vítima do fomo está em suas mãos.
Como diminuir a frustração
• Evite ler e-mails quando estiver em casa à noite.
• Tente ficar algumas horas do dia sem entrar no Facebook ou checar seu Twitter.
• Desligue o telefone quando for dormir para não ter um impulso de conferir onde os amigos estão de madrugada.
• Quando acordar, tente tomar café da manhã antes de checar os e-mails e as redes sociais.
• Passe mais tempo com os amigos de verdade — e não com os virtuais.
• Se conseguir, fique um dia longe da internet e aproveite para curtir com a família.
O medo em números
70% das pessoas que moram em países desenvolvidos já experimentaram a sensação de fomo. Dessas, quase 30% lidaram bem com a experiência, enquanto 15% não conseguiram.
61% na inglaterra, dos adultos de 18 a 33 anos acreditam que o aparecimento das redes sociais aumentou o receio de ser excluído de alguma situação.
45% os homens americanos são os que mais sofrem: dissera que sentem-se incomodados quando um amigo posta no Facebook ou no Twitter que está fazendo algo que eles não estão. Entre as mulheres, apenas 29% demonstram esse descontentamento.
60% dos adolescentes americanos e britânicos acreditam que as redes amplificam o sentimento de exclusão. Bianca Bosker admite sofrer de fomo: “tenho 4 700 seguidores no twitter e 1 100 amigos no face”.
FONTE: VOCÊ S.A.
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