"- Amiga, tenho um cara ideal para você! É inteligente, romântico sem ser pegajoso, bonito. Você vai se amarrar!"
"- Sério? Então me apresenta!"
"- Claro! Vai na festa sábado, que eu te apresento!"
"- Tudo bem!"
"- Mas é para ir mesmo, hein?"
"- Pode deixar! Eu vou sim."
Rafa e Denise eram grandes amigas. Rafa já estava namorando há algum tempo um cara superbacana e, em breve, iriam morar juntos. Denise estava solteira há alguns meses e Rafa havia encontrado um cara bastante legal, Leandro, pesquisador em biomedicina, para apresentá-lo a amiga. No sábado, Denise foi super produzida e conheceu Leandro. Cara alto, olhos castanhos, cabelo bem alinhado, boa dicção. Conversaram por horas e horas. Nem curtiram a festa. Apenas curtiram um ao outro. Eram muito parecidos. Denise esperou que ele desse um passo adiante e a beijasse no final da festa, mas ele se comportou de maneira exemplar e ao se despedir, deu aquele olhar de quem está profundamente encantado. Anotaram telefone, decidiram se adicionar no Facebook, mas nenhum dos dois deu o passo adiante naquela semana.
"- E você e o Leandro?"
"- Ah, Rafa! Ele nem entrou em contato! Adorei conversar com ele. Ele até pegou meu telefone. Mas não me ligou!"
"- Não?! Mas ele não parou de perguntar de você!"
"- Sério? Ai... Bom, vamos esperar, né?"
No outro final de semana, Denise foi a um show promovido pela administração da cidade. Centenas de milhares de pessoas. No meio daquela multidão, enquanto ela curtia a quarta ou quinta música da banda, ela sente duas mãos segurando sua cintura e uma voz cochichando em seu ouvido direito:
"- Achei que fosse impossível te ver mais linda!"
Era Leandro. Seu coração acelerou e ela se desmanchou. Ali mesmo virou de frente para ele, enlaçou os braços em seu pescoço e ficaram insinuando uma breve dança. Houve uma tentativa de conversa mas, com uma semana de atraso, o beijo entre os dois rolou. Logo depois do show ambos saíram como um casalzinho apaixonado. A troca de carinhos, os beijos apaixonados, o abraço caloroso. Denise estava curtindo aquele momento como há tempos não sentia. Ele a deixou em sua casa.
"- Me liga!"
"- Pode deixar, linda!"
"- Vamos marcar algo na semana!"
"- Claro! Vamos sim!"
Se despediram. Mais uma semana se passou e nada do Leandro ligar. Não era possível. Vários cenários passaram na cabeça de Denise naquela semana. "Ele tem outra". "Ele não gostou do meu beijo". "Falei algo que assustou ele".
"- Olha lá a Dê! Fez programinha de casal no final de semana, hein? Tô sabendo!"
"- Como você está sabendo, Rafa?"
"- O Lê me contou tudo! Que bonitinho! Torço por vocês, viu?"
"- Obrigada."
Outro final de semana, sem notícias de Leandro e os cenários piorando em sua cabeça. Sábado a tarde, o telefone celular recebe um aviso de mensagem.
"Denise, vamos no cinema hoje? 19h eu te busco. Bjs. Leandro."
Seu coração acelerou novamente e todos os cenários pessimistas desapareceram. Respondeu que poderiam ir sim. Às 18h50 estava pronta. O ponteiro do relógio em sua sala parecia que demorava para chegar no horário combinado. 19h. Nada. 19h05. Cadê ele. Calma. 19h11. Ele chegou. Ufa!
"- Desculpa! Deixei alguns minutos a mais para você ter tempo de se arrumar."
"- Tudo bem."
"Que fofo, se preocupando comigo!" ela pensou. Foram ao cinema, comédia romântica, ele a abraçou, deu alguns selinhos nela durante o filme, mas no final estavam como dois recém namorados. Saíram e ele a convidou para jantarem. Restaurante fino de comida europeia. Depois do jantar, já dentro do carro em um ponto um pouco mais afastado, enquanto rolavam os beijos apaixonados, Denise sentia borboletas na barriga e eletricidade em cada toque que ele dava em sua pele. Ela estava quase perdendo o controle da situação. Até que em um breve momento, toda a razão que ela tanto mantinha, foi-se embora. Vidros se embaçaram. A eletricidade fluiu. As borboletas voaram. Ficaram juntos até quase o raiar do novo dia. Ele a deixou em sua casa.
"- Vê se não some."
"- Pode deixar. Desculpa não ter te ligado. Não queria me mostrar ansioso ou pegajoso."
E se despediram com juras de amor e promessas de um reencontro.
A semana passou. Ele não ligou. Ela ligou e ele não atendia. Não respondia as mensagens do celular. Os cenários foram surgindo. Passou-se uma segunda semana. Nem Rafa podia mais ajudá-la. Ela só pensava no pior. Terceira semana e nada. Quarta semana e nem sinal de Leandro. Denise desistiu e resolveu seguir adiante. Conheceu um cara legal na universidade, de um outro curso, e resolveu ir bem devagar com ele. Não mais iria se entregar de cabeça como fez com Leandro.
Seis semanas depois, no Shopping, enquanto fazia algumas compras corriqueira, Leandro aparece parado no corredor principal enquanto ela olhava uma vitrine.
"- Oi, Dê!"
Ela tinha vontade de pular em seu pescoço e esganá-lo antes de encontrá-lo, mas ali, naquele momento não conseguiu.
"- Oi."
"- Tudo bem?"
Como ele ousa perguntar se está tudo bem?
"- Sim. E você?"
"- Bem também. Quer tomar um café? Fazer um lanche para gente conversar?"
"- Não posso. Estou com pressa..."
"- Tudo bem. Só queria te dizer que aquela noite foi mágica, foi especial, curti pra caramba... Mas eu estou com um monte de coisas na minha cabeça e não queria te envolver..."
Finalmente ele falou o que ela precisava ouvir e Denise conseguiu lhe dar o troco com um cheque-mate:
"- Cheio de coisas na cabeça? Eu também. Bom, eu preciso ir. Beijos, se cuida"
E deu de costas e não olhou mais pra trás.
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