"Ding-dong!"
Tocava a campainha da minha casa. Ao abrir a porta, meu vizinho perguntou se não queria um filhotinho de cachorro, raça não definida, mas que tinha hérnia. Se não quisesse, tudo bem, ele largaria na rua. Imediatamente olhei para aquele filhote em suas mãos, não mais do que dois meses, e falei:
"- Vou ficar com ele!"
Meu vizinho fez cara de alegria, eu peguei o filhote no meu colo, que deve ter se impressionado com meu tamanho e eu completei:
"- Vai se chamar Tobby!"
Naquela época eu fazia faculdade na USP e como eu morava ainda com meus pais, eles não fizeram cara de muita festa não. Eu já dava alguns plantões e aulas particulares na época, conseguia uma graninha e dava para pagar as despesas com vacinas, ração e brinquedos para o Tobby. E como ele era esperto! Rapidinho, ele aprendeu a dar a patinha, a sentar, deitar, rolar, abrir a porta e, uma exclusividade dele, quando eu pedia 'Faz ursinho', ele ficava igual a um urso!
Companheirão! Quantas namoradas ele não viu passar na minha casa? Quantos amigos? Quantas viagens nós não fizemos? Era engraçado, que uma época passeamos de carro conversível e o Tobby adorava ficar comendo vento! Adorava cachoeiras, praias! Também, como tinha pelagem escura, deveria passar muito calor!
Com o tempo, me formei, comecei a dar mais aulas e o cansaço batia. Levantar de manhã, muitas vezes, era superdifícil. Então minha mãe falava com o Tobby:
"- Vai lá acordar o papai!"
E não é que ele entendia? Pulava em cima da minha cama, puxava meu edredom até eu me levantar. Cachorro esperto!
"- Tá bom, Tobby! Já vou indo!"
Dizem que cada ano do cachorro equivale a sete anos dos nossos. Quando o Tobby entrou na minha vida, eu tinha 20 anos. Agora eu estava com 33. E Tobby, pelo equivalente humano, já tinha chegado aos 91. Uma vida bem longa. Já não tinha a mesma energia dos primeiros tempos, mas continuava sendo meu companheiro. Ainda me acordava, me divertia, esperava eu chegar do trabalho para passear com ele. Até que o tempo venceu e teve que nos separar. Uma sexta-feira. Julho. Dia do aniversário do meu pai. Tobby estava lá comigo, eu torcia para ele ter forças para ficar mais um tempo com a gente. Mas não deu. Hoje Tobby faz parte das grandes memórias da minha vida. Foi meu melhor amigo e porque não, um irmão. E pensar que se o vizinho não tivesse apertado a campainha de casa naquele dia, há treze anos atrás, eu não teria conhecido prova de um amor incondicional.
Obrigado Tobby. Obrigado mesmo ter feito parte da minha vida.
Obs.: Essa história é dedicada ao meu amigo Ricardo Meca e seu companheiro Tobby. Algumas cenas podem não ter acontecido do jeito que escrevi, mas fica minha homenagem para meu grande amigo.
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