"- Oi, Fer, tudo bem?"
"- Oi, Du, pode falar!"
"- O que vai fazer hoje a noite?"
"- Hoje tô de boa! Por quê?"
"- Tá afim de caminhar daqui a pouco na lagoa?"
"- Sim! Boa ideia! Ando precisando! Que horas?"
"- 18h00?"
"- Combinado! Em frente ao portão da água de côco?"
"- Ok. Te vejo lá."
Chamou a amiga para dizer que estava apaixonado. Colocou um shorts e uma camisa regata, calçou seu tênis surrado, passou filtro solar e ficou em frente ao espelho arrumando o cabelo com seu gel. Daqui a pouco ele estaria com ela. Estava decidido a dizer o que sentia.
Pegou seu carro e chegou uns dez minutos antes na lagoa, bem em frente ao lugar marcado e enquanto ansiava a espera, imaginou talvez que ela pudesse aceitar. Tinha um frio na barriga, como se tivesse surgido um grande vazio. Olhava para o relógio do celular de minuto em minuto e a medida que se aproximava do horário marcado, seu temor de não ser correspondido começou a aumentar e uma série de dúvidas começaram a invadir a sua cabeça. Será que ela, com o tempo, gritaria com ele como já tinha visto ela fazer com a sua irmã mais nova? Zombaria de seus gostos musicais como fez com o Toninho da banca de jornais? Duvidaria de seus resultados como amante, pediria uma consultoria externa com suas amigas e fosse trocado mais adiante por alguém mais competente, como o Paulo, professor de dança da academia do bairro? Tantas perguntas que começaram o assustar que nem viu que já eram 18h03 e ela tinha acabado de chegar.
"- Oi, Du! Tá pronto?"
"- Sim!"
"- Vamos então?"
"- Fer, antes eu queria fazer uma coisa..."
"- O que, Du?"
Ele respirou fundo, olhou para aqueles lindos olhos castanhos amendoados, fitou aqueles lábios que tanto desejou em contato com os seus e, sincero, disse:
"- Vamos alongar antes?"
"- Claro."
E no seu íntimo, amaldiçoou a si mesmo por não fazer daquele instante uma oportunidade de saber se ouviria de Fer um 'sim", porque afinal, o 'não' ele sempre teve desde o dia em que a paixão nasceu em seu coração.
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